Rebentam as ondas

Imagino como imposição da minha criatividade,

suplico o pensamento adequado ao momento,

se não posso mandar na minha vontade,

não quero pertencer a nenhum argumento.

São ondas que rebentam solidão,

ondas que me cercam a vida em espuma,

devassas de chuva que me inunda o coração,

mandatárias do Inverno que se esconde na bruma.

Penso aconchegado do frio,

se posso chorar sem ninguém ver,

se estou preso no vazio,

será ele tão forte quanto o meu querer?..

Imagino os nadas que ninguém quer,

ódios e amores encontrados numa odisseia,

pensamentos e visões de uma mulher,

onde coração está amarrado em sua teia.

Viúva negra que não quero ver nem sentir,

o seu veneno de um modo tão aprazível,

manipula pensamentos, não deixa a solidão partir,

para o inverno eterno da sua alma não visível.

Penso que o que me segue a direito,

é algo que reconhece em mim sabedoria,

o sofrimento escolhe o eleito,

e a vida a primazia.

Ondas que batem,

outras que tentam,

vidas que partem,

ondas que rebentam...

O sonho é uma imposição,

na imaginação da criatividade,

onde se esconde, mas não morre...

Nuno V Godinho

11-2-2014