Das Duas Pontas

Com o tempo, o tempo abriu espaço

e pude andar dentro do coração;

tateando, porque a escuridão

me prendia como se fosse um laço.

Apareceu o sol da manhã, então

com seu sorriso vermelho de palhaço

e me acendendo num terno abraço

desatou aquele sombrio cordão.

Por um lado, a ponta de um cansaço

pelo outro, a de resignação

prendendo, num sapato de solidão

o medo de desatar um novo passo

mas o tempo desamarrou o cadarço

e pude colocar os meus pés no chão.

04-03-2014

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 06/03/2014
Reeditado em 10/12/2015
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