O ABAJUR
As primeiras brisas da noite fria
Das ligeiras horas surge semblante
Do horizonte brilhante desafia
A quem desvende seus vales distantes...
Sua face de onde eu olhava
Parecia me sorrir e chorar
Sobre a terra uma luz derramava
Que do dia ela ia buscar...
Aquele rosto aureolado
Da cabeceira se reclinava
Com seu olhar triste e calado
Silencioso tudo falava...
Seguia cheia à madrugada
Fruía o vazio das horas,
O abajur da Terra amada,
Até se apagar na aurora...
E o doador da sua luz surge
Espalha cor e à noite espera
E o dia passa e o tempo urge
Quando ressurge a face bela...
Se a Terra gira com sua dor
Esferas miram e esplendoram
Por sobre o céu equador
Em luzes de amor de onde moram...
O dia e a noite se alternam
Na minha tristeza que implora
Noites em sonhos que regeneram...
Lua! Leve toda a dor embora...