CHUVA E ESPERANÇA
(Sócrates Di Lima)

Da janela do meu tempo,
Olho a chuva lá fora,
Trovões e relâmpagos,
Cortam o céu,
Mas, apenas barulho,
Já que a chuva cai suave e fina...
Trazendo com ela uma brisa fria,
Serena...
E  com cheiro de terra molhada.
Então olho lá ao longe,
e lembro-me da morena,
De olhar negro,
Sorriso largo e belo,
De um falar cadenciado,
Forte e ao mesmo tempo delicado.
Lembro-me do seu jeito encantado,
Semblante preocupado,
Seus contratempos...
Saúde e vida...
Lembro-me com carinho,
Envolto na ternura,
De um bem querer de sempre.
E sua voz macia,
Cheia de magia,
Excita-me,
Faz-me sentir arrepios,
Em silêncio,
Ou sonidos de chuva...
Ah! Morena em pele jambo,
Sorriso marfim,
Olhar perdido,
Reencontrado,
Olhar de luz...
De sol ao longe,
Serenar de lua...
E assim a saudade chega,
Toma-me e usa-me...
Abusa dos meus desejos,
E mesmo não me tocando...
Sinto seu beijo...
De querências mil...
E ora, não tenho céu de anil,
'Mas, de chuva fina,
Nostágica e bela,
Que dá vontade de sair ao quintal,
E neste silencioso carnaval,
Deixar meu corpo molhar,
na saudade dos olhos dela,
Que vem, de onde não encontro seu olhar,
Nem estar em corpo, em seu lugar.
E mesmo assim,
A tarde parece que tem pena,
De mim...
Por distante não poder lhe tocar...
E isto faz a diferença,
Mas sem que haja indiferença,
A chuva que chega,
Com prazer me pega,
Como uma aliança,
Entre eu a saudade e a morena,
Nesta tarde amena...
Como se uma chuva fosse nela,
e trouxesse dela,
minha esperança.

 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 04/03/2014
Código do texto: T4715004
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