Incontida

Não há apenas a palavra contida

Camuflada no exílio dos lábios,

Cúmplice da confissão adiada.

Quisera que fossem apenas os gemidos,

Os suspiros despidos em noites famintas.

Não há apenas o tremor, a palpitação,

Carícias descalças nas ruas do desejo

Ou transgressões consentidas na febre do olhar

Enviesando as máscaras da sensatez,

Depondo disfarces e a pretensa razão

Há sempre o não suposto, o inesperado

A recordação que se rende ao renunciado

Clandestinas inquietudes a me guiarem

Pela porta entreaberta do meu peito em vigília

Amparando a solidão da insone espera

Há sempre um rosto, um nome

Letras que não alvorecem na folha vazia

O imponderável a pulsar intenções.

Pudessem as mãos escrever, o que se sonha

No diário em que se guarda o coração!

Não há apenas o toque lembrado

Ou a ternura a germinar saudades.

Sabe-me o silêncio, quando sou turbilhão

E quando te deixo, dos meus olhos escapar

Na dor de uma lágrima sem par...

Fernanda Guimarães

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Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 19/02/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T4715