Inundações

daquela cidade suja e cinza

daqueles prédios vazios de sentimento

com pessoas moribundas e cansadas

com animais perdidos

e crianças mal amadas

daquela cidade, ao lado, represas

um lago escondido

e chuva a ser derramada,

a agua que lava prédios

traz sorrisos aos desalmados

daquela represa que se parte

inundando almas

afogando homens

daquela água que se esvai

de sentimentos puros

lava os muros

solta pedras

mata heróis

junta impurezas num solo fértil

e o céu se abre em um deus cruel

que não espera por humanidades

de uma natureza inviável

que só salva ações impensadas

das palavras como inundação