ERAM DOIS
(Sócrates Di Lima)
ELA uma menina,
De olhar de céu,
Um olhar que fascina,
Como o luar que se cobre em véu.
Ele um homem de olhar de tarde...
Alegre e reluzente,
Cheio de vontades,
Sem medo de amar de repente.
Eram dois...
Homem e mulher,
Que o tempo depois,
Fê-los uns quaisquer.
Quaisquer um...
Seguindo seus caminhos,
Sem em momento algum,
Deixarem-se de estar sozinhos.
Cada um no seu destino,
De braços dados com seus tempos,
Adultos, menina e menino,
Distantes sem contratempos.
E assim seguem por ai...
Como dois que nunca se viram...
Ali ou aqui...
Como se nunca existiram...
E onde haviam gritos de amor,
Há os silêncios ecoantes...
Perderam-se flor e passarinho beija-flor,
Nunca mais foram amantes.
Mas, a saudade as vezes vem,,,
Pega e toma como um terremoto...
E as mil lembranças também,
Arrastam-no como maremoto.
E, porquanto, um amor pode existir,
Nada nesta vida se pode esquecer,
Tantas vontades sucumbidas e a sucumbir,
Nas dores que o peito faz reviver.
Eram dois...
Amantes das loucuras,
Que o tempo ao depois,
Lançaram-nos às sepulturas.
Viraram-se às costas,
Pertiram seus corações ao meio,
E nunca mais estiveram às voltas,
Dos pactos de amor que os tocaram em cheio.
E aqueles olhos dela de céu perfeito...
De sorrisos dele gargalhantes,
De dois, se fizeram um sem outro jeito,
E se perderam nos trilhos que antes, eram viajantes.