Quero apenas,
Dizer a mim mesma que quebro o acordo!
Não o cumprirei, porque a poesia para mim é via de escape.
Hoje jogo pérolas sem me importar se os porcos as pisarão.
Apenas as jogo, para que guardá-las?
A poesia me salva do sufocamento, de afogar-me na dor.
E do que mais for que vier!
Alento contra o temporal...
Sempre sendo o sal da vida.
Não sei poetizar, a vida o faz para mim.
Ela é o poema, e vai sendo construído a cada sístole e diástole
A cada fôlego tomado, dor sentida ou superada, cada sorriso...
A cada luta, a ferro e fogo marcando o pericárdio!
A cerne de minh'alma é poesia!
Não fui feita para me destacar, ser famosa.
Só quero ser a poesia que recebi como dom,
Isso ninguém me tira, nem as dores
Nem desfeitos amores ou temores.
Se me esquecerem, que me importa?
Eu sempre vivi a poesia de forma solitária.
Não necessito de aplausos.
Deixo as minhas gavetas abarrotadas
De escritos e vivências prezadas
Nunca esquecidas...
Deixo a vida fluir como um rio de lava
Purificando e petrificando caminhos.
Que flua a dor! Que me esvaia!
Eu me derramo nessa verborragia de mim.
Eu sou o que sou: ser inacabado, em construção.
Mas poesia, sempre!
Se você quer a minha poesia,
Percorra meus caminhos,
Viva todas as minhas dores
E aí, quem sabe, será digno
de ser aplaudido por ela...
Só Deus tem o direito de nos tirar o que ele nos deu
Mas eu sei que ele não faria isso.
Sou e serei poesia até o fim,
E depois do fim, terá recomêço!
Elenite Araujo.