cortejos
Oh morte que tanto assombra meus sonhos
Com sua foice refletida contra luz
Mostra-me em consciência todos os meus pecados
Minha alma não suplica por vossa misericórdia
E nem tão honrosa foi minha vida
Por que tanto me visita em noites em claro?
No cansaço interminável em que sinto ao sorrir
Me viu em trevas cortejando a solidão
Que mesmo em sua inesgotável profundidade
Nunca me disse uma só palavra.
Oh morte que hoje veste seu vestido de gala
Me levou a uma festa banhada a loucura
Em meus órgãos que acredito serem todos iguais
Porque se prende logo ao meu coração?
Morte pelas suas asas negras lhe ofereço um poema
Entenda se por ventura for um cortejo
Leve suas obras mortas por escritores vivos
Que os mesmos se apegam a solidão.