Baralho alegórico

Misturo meu baralho alegórico

E das lendas

Vislumbro algumas faces

Nos espaços de tempo

Que de algum modo se invadem

Velhas bruxas

Bruxas velhas

Cozinhando promessas

De amor ardente

De vingança pretendida

Velhos anjos

Anjos velhos

Segurando os fios invisíveis

De viventes que se arrastam

Desafiando a vida

Velhos demônios

Demônios velhos

Provocando os sentidos

Assombrando os insones

Com desejos infames

Ocorre-me que essas visões

Assim tão nítidas me abraçam

A boca amordaça

Os pensamentos

Assim presos como condenados

Refletem o próprio espanto

De ver tudo e não crer em nada...