SENHOR, AJUDA-ME

Senhor, ajuda-me a não rimar.

Eis que estou cansado dessas garras,

quero outras terras, outros mares,

Quero distância das métricas

e de todas as amarras.

Afasta-me dos gêneros, das classificações,

das regras e de todos os cânones.

Quero apenas a beleza e o espanto.

Quero o poema livre, leve,

ave solta, sem gaiolas.

Quero voar, mesmo sem asa.

Morais na poesia,

feito manoel, joão,

clarice, cecília, adélia

pássaro pessoa sem casa,

sem pedra, drummondiar,

patativa, passarim,

quintanear pelos quintais.

Morar no toco, no oco,

no eco absurdo

de um poema de barro.

Quero ser flor

e não ter jarro.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 27/02/2014
Reeditado em 27/02/2014
Código do texto: T4708469
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