Covil burocrata
Covil burocrata, prédio imponente
Cheio de gente, vazia e exata
Na casa da imagem projetada
O compromisso é não ser você
E nunca qualquer coisa dizer
Lugar de piada pra ninguém dar risada
Tudo limpo, daquele jeito, tudo perfeito
Tudo organizado, gente que faz
Sociedade capaz, mundo de paz
Mas é mentira, pois quando dali
O ser se retira, primeiro suspira
Depois desanda pro seu real caminho
Aquele escanteado no covil burocrata
Cheio de gente maculosa e ingrata
Todas espetando com olhos de espinho
Cadeiras macias, papeis e mais papeis
Assinaturas, compromissos, rasuras
Bem sabem, no covil que lhes cabe
Serem indiferentes com a vitalidade
Saber disfarçar as suas ranhuras
Se não visse pessoas se movendo
Acharia que aquilo é um cemitério
Pois mortos vivos em busca de arquivos
Não me fazem enxergar da burocracia
Algo realmente importante ou sério