a Guimarães Rosa

de tanto mal-querer no mundo,

o pássaro da sorte tecendo ninhos em galhos

e os aviões crescendo sem metro de tamanho

d'um pedação do céu

a máquina apática tomando o lugar das asas mornas

e o bem-querer indo emborinha entre as nuvens

migrando para um de-onde-vem

não sei pra-onde-vai

me faz lembrar Rosa remendando verbo que não se conjuga

senão com fôlego de d(D)eus

e nas horas vagas quando o passarinho da sorte pousa na janela

e eu não me importo em perder o vôo das 11:40

porque ainda estou no meio da página

rabiscando a palavra Es-pe-ran-ça!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 26/02/2014
Código do texto: T4707215
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.