A MAGIA DO CARNAVAL
A MAGIA DO CARNAVAL
Fernando Alberto Couto
Diante dessa avenida vazia,
o carnaval pede passagem,
mas como ainda não é dia,
parece uma vaga miragem.
Esse vazio e enorme espaço
recebe poucos transeuntes
e os reais donos do pedaço
são conhecidos traficantes.
O sossego se quebra amiúde,
por algum idoso desajeitado
que só busca ajuda pra saúde,
arriscando até ser atropelado.
Às vezes, alguma bala perdida,
em meio a mais um arrastão
que tumultua toda a avenida.
Outras vezes, só pura solidão.
Assim os dias vão se passando
e a alegria, então se manifesta,
com a cidade sendo enfeitada,
para apoteose da grande festa.
Eis que se pode ouvir, distante,
algo daquele som que rejubila,
numa mágica euforia excitante,
a alma de quem assiste e desfila.
Desde o abre-alas até à última ala,
tudo exala uma misteriosa magia
à qual nem um paraíso se iguala,
ante cada novo bloco ou alegoria.
É desse jeito que o carnaval irradia
uma felicidade tão mística e fugaz
que nos deixa, no peito, só nostalgia
de uma ilusão que logo se desfaz...
RJ – 25/02/14