TEMPO DE AFASTAR-SE DE ABRAÇAR.
juro não mais querer partilhar da carne que me é oferecida
nem naquele leite sem nome pousar meus lábios incautos
juro jamais outra vez ousar querer o que há de mais doce no segredo da vida
tampouco me debruçar sobre velhos prazeres que hoje já não constam nos autos
é tempo de afastar-se de abraçar
é tempo de renegar a vil paixão
tantas coisas e tão pouco lugar
que há de se evacuar o coração
rezo para não mais oferecer-me cativo à minha própria fraqueza
na impossibilidade de reconstituir todo o inteiro reduzido a grãos
peço forças para cumprir o trajeto, de breu em breu, da incerteza
e reencontrar o ventre perdido, permitido, do qual, inclemente, abri mão
é tempo de juntar pedras
é tempo de erguer muralhas
se há sinais de novas eras
ainda persistem velhas batalhas