Eis que no desvão solitário
Por onde a tristeza passa
Chega o vulto de uma dama.
Nos braços trazia tanta
Seda cor de bonança
Damascos finos bordados
Da mais fina pedraria
Muito calma se instala,
Dos braços o peso arrima
E em meu regaço depunha
Os esplendores que trazia

- Nada de teu me vai bem,
Lamento, porque não tenho
Qualquer riqueza por minha.

Mas ela não me escutava,
Continuava e dizia:

- Eu sou do reino a rainha
Aonde o fausto domina
Nele não há desventura
Todo o desejo se alcança
Por tudo o que te ofereço
A ti em troca só peço
Os sonhos que vais sonhando...
Aos poucos os meus fui perdendo
E nem mais sei que pretendo!

Dos teus me irei servindo
Tua mente atravessando
Neles me irei lavando
Minha avidez reavendo

Verás que ao acordar
Nada te irá doer
Terás descanso e prazer
Muita glória hei-de trazer!

- Mas porque me procuraste?!

- Foste tu que me chamaste!