PERDI-ME DE TI
(Sócrates Di Lima)

Em noite enluarada,
A vi encantada,
E sem dizer nada,
Comprei uma escada...

Fui aos meus quintais,
prostei-me diante da Lua,
E com todos os meus ais,
Ajoelhei-me diante da miragem tua.

Então ultrapassando meus limites,
Fui ter com a Lua,
Ouvi seus palpites,
E perdi-me nas ruas.


Cego de mim...
labirintei-me em jardins,
de cata-ventos,
Como um Dom Quixote,
E seu amigo imaginário,
Segui as estrelas,
Em busca de teu amor...
foi o meu calvário.
Quantas vezes gritei aos ventos,
quase rouco,
- Donde estás minha Dulcinéia...
E os ventos me chamaram de louco,
E nem me importei...
Segui sombrias ruas,
Em sombras nuas...
Molhadas pelas madrugadas,
Pelas chuvas finas das Luas...
E mesmo assim,
Não te encontrei...
Rodopiei os ventos,
fi-los tempestades,
Corri das saudades,
dos meus pensamentos,
Para não chorar pelos becos,
Secos,
Da morte do amor...
Que a dor sucumbe,
Sem flores,
Sem velas,
Sem luzes...
Como zumbi,
me desnorteei,
Sem rumo segui,
Minhas vestes rasguei,
Nos espinhos das minhas estradas,
E mesmo assim não te encontrei...
Corri as linhas telefônicas,
Imaginações inférteis,
Como se a morte cavalgasse atônitas,
sobre minhas sombras,
Nos fragamentos das minhas sortes...
E no meio da estrada,
quis arrancar meu coração com as mãos,
Perder-me das razões,
Amaldiçoar as emoçoes,
Deixar minha alma partir de mim,
Como se fosse o fim,
De uma estrada qualquer...
Por onde aquela mulher,
Pegou o caminho errado,
E na estação que desci,
Ali novamente me perdi,
E até hoje não me encontrei,
E quando saí de mim para te encontrar,
Nos meus becos lamacentos,
Das minhas lágrimas misturadas ao pó,
Só...
Continuei a caminhar,
Sem horizontes, para te encontrar,
E talvez,
Quem sabe,
um dia,
longe da poesia...
Mais uma vez,
Vou te olhar,
Quando
para o outro lado da vida,
Passar.


(Poesia desmembrada).





 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 22/02/2014
Código do texto: T4701593
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