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O Riso da Lua

O riso permanece, 
Um selo sobre a face
De uma língua que mingua
Tal qual lua abandonada
Num céu escarlate
(E vê-se sempre cheia.)

Em volta, as estrelas.

E quando a língua arde,
A lua se parte,
Derrama-se em lavas frias
A recitar
Sobre o que não sabe.

Tão sem brilho,
Tão sem arte!...
Trem sem trilhos,
Canção
Sem estribilho...

A língua da lua
Passa nua,
Lambendo todo o mel
Que encontra no céu,
Sôfrega
E desesperada,
Desiludida...

E as coisas que ela cita,
Embebidas na sua cicuta,
Caem como lavas
Esfriadas
Sobre um solo batido
Onde não brota nada.

-Ah, coitada da lua,
Coitada!...
Perdia-se nas rimas
De uma poesia 
Sempre inacabada!



 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 22/02/2014
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