Sobre o Ato de Escrever

É como andar à beira-mar

Sentir a brisa de uma manhã taciturna

Soprar a copa das árvores

Desfolhando-as lentamente pelo caminho

É como voar na chuva

Sentir suas gotas lavar a fronte

Não sentir terra firme para brincar

Depenando-se compassadamente por suas veredas

Escrever é doar-se

Perder um pouco de si

Compartilhar sentimentos

Abrir as salas à visitação pública

Expor as feridas ao dedo alheio

Quem escreve não deve ter medo,

Antes é guerreiro,

Artífice das letras,

Organizando-as

Para que façam algum sentido (ou não)

Todo poeta é incompreendido

Pois escreve para si próprio

Sobre suas vivências e experiências

Amores e desamores, quiçá flores

O poeta é um artista solitário

Desvendando-se em linhas entrelaçadas

Entregando-se em cada verso traçado,

Como em um beijo roubado,

E cada texto é como um filho doado

Órfão do seu inventor

Imediatamente após a sua concepção.

Geraldo Meireles
Enviado por Geraldo Meireles em 30/04/2007
Reeditado em 17/01/2011
Código do texto: T469868
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