Sobre o Ato de Escrever
É como andar à beira-mar
Sentir a brisa de uma manhã taciturna
Soprar a copa das árvores
Desfolhando-as lentamente pelo caminho
É como voar na chuva
Sentir suas gotas lavar a fronte
Não sentir terra firme para brincar
Depenando-se compassadamente por suas veredas
Escrever é doar-se
Perder um pouco de si
Compartilhar sentimentos
Abrir as salas à visitação pública
Expor as feridas ao dedo alheio
Quem escreve não deve ter medo,
Antes é guerreiro,
Artífice das letras,
Organizando-as
Para que façam algum sentido (ou não)
Todo poeta é incompreendido
Pois escreve para si próprio
Sobre suas vivências e experiências
Amores e desamores, quiçá flores
O poeta é um artista solitário
Desvendando-se em linhas entrelaçadas
Entregando-se em cada verso traçado,
Como em um beijo roubado,
E cada texto é como um filho doado
Órfão do seu inventor
Imediatamente após a sua concepção.