Das Cegas Mãos

Eu queria sentir (nos olhos) o tato...

em meu olhar, levar o toque da mão

para retirar o pó de solidão

do seu corpo, que parece um retrato.

Tirá-lo da moldura dessa prisão...

da parede que impede o contato

e, depois (então) de tocá-lo de fato

com mais mil dedos, enxergá-lo (no chão).

Na distância, dentro da qual me debato

como se tentasse sair do porão

eu sinto algemas na minha visão

e, assim, uso as chaves do olfato

para escutar o hálito de mato

que sussurra na sua respiração.

17-02-2014

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 19/02/2014
Reeditado em 10/12/2015
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