VENTANIA
Não me deixo enganar
Por um devaneio ao meio dia,
Por um sonho em desencanto.
Sou pó que a ventania leva
Por corredores estreitos
De uma vida sem começo
Que quer se revelar.
Há um mundo diferente
Que não pode terminar.
Por isso me rastejo
Pela casa sem mobília
E olho da janela
A paisagem entristecida.
Falo de improviso
De um amor sem juízo
Que não quero acreditar.
Não percebi o desabrochar das flores naquele dia
Que hoje também se foram com a mesma ventania.