NOVELA DO QUARTO ALUGADO

Deixai estes lares

em mares

que nossa cama

remonta

quando voltares

do chão estarrecida

mil faces

desvestida

pra me matar

abro a camisa

uso seu baton

veja o alvo

que marco

adocicado

querendo que atires

com lábios

p'ra uma dança secreta

que dentro se fecha

pra sair

desobecendo regras

estas mesmas

que trazem tudo

que o amor não entende

supreende mais

não entende

transforma

e o que se aprende

deixa o amor

numa máscara

que se vende

a qualquer mercado

bijuteria barata

de um joia

que não pode

ser roubada

suba de volta

esta corrente

levará as minhas queixas

quando deixas

de navegar

por sobre meu corpo

quente

savana selvagem

teus olhos

abertos nesta viagem

que faço através

do que por dentro quer

e só me pede

deste jeito

sobre meu peito

sedenta da última gota

vem crescendo

pra ficar comigo

enquanto os outros

nos aqueçam

entrando

bebendo nosso vinho

tragando nossa fome

que tem nome

mas não pode ser dito

momento bendito

milagroso

furtivo

seu grito vai escrever

aos ares

estremecer

vontades

linhas derrapantes

beijando

suspirando

hinos derradeiros

a fala dos amantes

é um provérbio

único verdadeiro.