RELÓGIO DE PONTOS E VÍRGULAS
Dentre pontos e vírgulas...
Tenho colecionado pérolas de versos
No tempo!
Ritmo atemporal.
Tenho evitado pontos e reverenciado vírgulas.
Ponto.
Mas em vírgulas eu sigo, sempre nas poesias atemporais.
Não que eu me sinta obsoleta na pontuação do tempo,
A forçosamente recuperar meus ponteiros emperrados.
Ponto. Ponto dos ponteiros do relógio de pontos.
Ou de vírgulas?
Na poesia,
Gosto dos pontos porque são enfáticos.
Sinto que neles eu nunca volto atrás...
E tal é qual um verso de alívio.
-Vírgulas, peço vírgulas urgentes!
Porque sei que vírgulas são emendas soberanas.
E tal,
Foi o tempo poético quem me ensinou: sempre cabe uma virgula a mais no arrastão da poesia que não pára nunca.
Eu pergunto:
Que poeta nesse mundo não voltaria atrás do seu poema?
Aprendi
Que o todo ininterruptamente tempo
canta versos,
e de tempos em tempos decanta
Para o tempo de amanhã.
Mais uma rima entre vírgulas inesperadas
Desesperadas, até.
Antes dos sentenciados pontos finais do tempo.
Uma vírgula:
Pontos, na poesia, são algo...
Sempre semipontos entre vírgulas reversíveis,
Incompreensíveis.
Ponto. Ou mais uma vírgula? Chega!
Na interceptação da poesia resfolegada
entremeada de inesperadas possibilidades,
Inimagináveis pontos,
Sou teimosamente virgula compulsória
Para mais um verso obrigatório.
Quando evito o ponto,
Puxo uma vírgula poderosa ,
Despretensiosa de tempo.
É quando nela
Eu me remendo em verso.
Remendos, quantos!
Arrendo meu sentimento inacabado
De bruto chão de pontos imprestáveis
Para eternas vírgulas que rimam memoráveis.
Me replanto em flores de rimas ricas.
Se ainda serei ponto?
Lá no sol que desce pontualmente no horizonte,
Selando versos, pontos finais de tantas histórias...
É quando finalmente
Sucumbo em verso de ponto final.
Ponto não, vírgula!
Desço silenciosamente sol para novas alvoradas
Embora sempre em ecos de vírgulas embargadas.