Espinhos da Madrugada
Não tardo em recolher meu último sono
Constrangido pelo secular concurso da insônia,
Meus olhos abrem e fecham sem qualquer cerimônia
E na noite pedaços de angústia soam como escombros.
O silêncio perscruta minha agonia e caçoa da vigília
Que me abate sob os silvos agudos da mortalha,
Sonho acordado com navios piratas que encalham
Nos bancos de areia formados por colossais ventanias.
O tempo parece estático diante das horas que não andam
E no remelexo do corpo sobre a cama os lençóis reclamam
Do suor que ensopa minha pele carente de umidade...
Da tortura noturna herdo no amanhecer a fadiga
Que pesa toneladas dentro da insensatez que me obriga
Vez por outra cochilar nos balcões sonolentos da liberdade!