Prosopopeia

Como um fogo parindo nova candeia

Na queimada da mata, que incendeia

E um rio chorando a morte do arroio

Com seus leitos desfeitos em engoio

Açoreados e mostrando aquela areia

A tristeza às margens que serpenteia...

Como o boi ensimesmado pelo aboio

Se na cancela ansiosa bate sem apoio

Gemendo plangēncia em toda a ideia

A face dum lobo que reza em alcateia

Qual viajar nas trilhas de um comboio

No trigo qual não se desgruda do joio...

Como rastro que desenha centopeia

E um peixinho a zombar da garapeia

Ou cavalo que implora por um arreio

Na relva ao vento, bailam num enleio

Derrubar o grão, que ao chão semeia

Orvalho qual goteja e sangra da veia...

Como vento que queima na traqueia

E um zumbido de abelhas na colmeia

Natureza no cio em todo o devaneio

Terra qual aquece a vida em teu seio

Aumentando as vozes da tua plateia

Nos loucos ouvidos da onomatopeia...

Valdivio Correia Junior, 15/02/14

Juninho Correia
Enviado por Juninho Correia em 15/02/2014
Reeditado em 08/01/2024
Código do texto: T4692992
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