A marca de Caim
Os dias na esperança de um só dia,
ilhado naquela imensidão de nada,
olhando pelas frestas das janelas mudas
e cruas na sua corporeidade desbotada,
salobro ranço de tempos imemoriais,
literalmente jogadas na vaga do tempo,
denunciando antigos dotes e opulências
na insolvência inevitável dos eventos,
naquele jogo sujo de truques psicossomáticos.
O sol bate nos olhos congelados
das portas em cujos batentes o tempo não flui.
Maldisseram os obreiros dessas entradas
cujas saídas tornaram-se insolventes
e eternas ao sol como tatuagens do inferno,
como a impressão estampada
que Caim foi obrigado a carregar na testa
para viver indignamente para o todo e sempre.
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