A marca de Caim

Os dias na esperança de um só dia,

ilhado naquela imensidão de nada,

olhando pelas frestas das janelas mudas

e cruas na sua corporeidade desbotada,

salobro ranço de tempos imemoriais,

literalmente jogadas na vaga do tempo,

denunciando antigos dotes e opulências

na insolvência inevitável dos eventos,

naquele jogo sujo de truques psicossomáticos.

O sol bate nos olhos congelados

das portas em cujos batentes o tempo não flui.

Maldisseram os obreiros dessas entradas

cujas saídas tornaram-se insolventes

e eternas ao sol como tatuagens do inferno,

como a impressão estampada

que Caim foi obrigado a carregar na testa

para viver indignamente para o todo e sempre.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 15/02/2014
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