Querer o Diferente Mundo
Embate de fragilidades em coração nada alado e penoso
Deixei ao jardim pegadas mal vistas numa solitária calma
Nas pretéritas e esquecidas conjuras deixo a recordação
De um dia carregado de abraços a cada paz desabrigada
Tenho de ti um naco de amôr induzido, chorado e desafio
A sós com outra flôr em desamparada beatitude valorosa
E estou ao pés da janela divisando o horizonte enevoado
Com braços tolhidos pela noite desertificada e sem rostos
Em tom baixinho falo ao relento calado a confissão florida
E ao cair da madrugada mais ausente fico a armar frases
Desculpas tênues para serem reduzidas a palavras nada
Ao jardim pétalas caem chorosas por um verbo refugiado
Posso estar na louca jornada deste cair da noite vencida
E poderia ir ao longe clamar a solidão realista da certeza
De que estou a devaneios impolutos querendo a verdade
Com palavras não adiantará permanecer surda ao desejo
Por ora estou em casa na fantasia de ser fruto da lástima
Numa espera incômoda ao velar-se acordada numa cama
E essa espera fortalecida por uma esperança mensurada
Triste por um corpo trair as vontades solitárias merecidas
O dia virá e te bendirá e eu carregarei rosas apalermadas
E as mãos em reza recolhida com o peito receitando juras
Ao jardim plantarei sonhos forjados ou falência do espírito
Tudo para te ver acima de mim sorrindo ao chão comigo...