DE PRIMAVERAS ME ENFEITO
De primaveras me enfeito
para as tristezas espantar.
Será que tem jeito?
Saudade plantada no peito,
um dia, quem sabe,
deixará de brotar?
Quero a vida assim, sempre lilás.
Aliás, quero todas as cores,
todos os sonhos, mil amores.
Desejos tolos de quem
só tem desamores.
Meus olhos tão tristes,
distante horizonte,
por que tu insistes
em não me notar?
Tristeza, saudade, solidão:
raízes profundas se espicham e medram por todo o lugar.
Então, na flor dos meus cabelos
eu planto primaveras.
Mas, o que são primaveras,
senão perfumes de espera
de outonos que vão chegar?
Minha ousadia são essas pétalas de poesia
que olhos menos tristes que os meus
haverão de contemplar.