BÊBADO

BÊBADO

Aos vinte um anos esta preparado para viver,

Viver uma eternidade de medos e vitorias,

Tinha ela, uma borboleta, chamada Claudia,

Riamos,

Éramos amor,

Éramos sexo,

Éramos carne,

Éramos alma,

O destino torto nos separou,

Foram anos perdidos num oceano a deriva,

A cada brisa escutava a sua voz a cantar no violão...

Milton, Fagner, Bethania, Chico e Caetano...

Éramos amantes e amigos.

Éramos jurados para os deuses,

Se esses existissem...

Mas o destino torto nos separou...

Achei que jamais amaria novamente,

As asas foram amputadas pelo destino torto,

Não sou uma bendita lagartixa...

Nunca quis chegar aos trinta anos,

Queria partir jovem,

Nunca mais senti o que por ela senti,

Química,

Atração

Amor.

Ritmo,

Melodia das teclas de um piano...

Nunca quis chegar aos quarenta,

A vida sem ela era vazia,

Eram corpos,

Companhias,

Parceiras e parceiros numa dança,

Num baile de mascaras,

Onde todas as faces são de felicidade

Onde todos dão risadas...

Nunca quis chegar à idade que estou agora

Alias,

A tempo atrás queria a eternidade,

Redescobri a atração no odor

Um cão atraído pelo cio

Uma química que rompe a barreira da idade,

Que rompe a barreira social.

Que rompe a barreira cultural.

Aceitar o “ser”

O positivo e negativo,

O construtivo e destrutivo...

E se entregar.

E amar.

Viver pela outra pessoa.

Respirar o ar do outro ser...

E mesmo triste ser feliz.

Mesmo chorando ser feliz...

Hoje vejo quem chegou aos noventa anos,

Queria não chegar a maio,

Queria não completar mais um aniversario,

Queria partir.

Ser clandestino num navio sem destino.

Ir para Dutra...

Apenas com o meu dedo...

E partir.

Sem documento.

Esquecer-se da família que vim.

Da profissão que eu amo

Da pessoa que eu não consigo esquecer...

Da dor no peito...

Deixar meu dragão com a tia...

Meus filhos com tutores.

Meus amigos com saudades...

Cansei da existência sem objetivo...

Das notas de piano desconexas...

Da ingratidão gratuita

Da perda da fé...

Escuto um lindo solo de piano na minha mente...

Queria um amor.

Um sonho...

Um motivo para viver...

Não quero usar uma amizade,

Não sou crápula como foram comigo...

Desabafo na marola do álcool

Caipirinhas e caipirinhas...

Oito, nove ou dez...

Não sei por que contar?

Tenho que agradecer a amiga que me dá força...

Que na hora do porre escuta meu desabafo...

O som do piano não sai da minha cabeça...

Já não sou mais quem eu era...

Sou livre, mas preso ao sentimento...

Deixei de ser namorado e fui amante...

De amante sou pó...

E hoje sou ninguém.

Não sou mais eu.

E ela não é mais ela...

Sobrou apena a ingratidão...

E os miasmas do álcool

Agora já é sábado...

Mas datarei como sexta...

Quem sabe ela leia...

Ou elas leiam

A borboleta do ar

E a gata negra da terra.

Nenhuma mais existe...

Restou apenas o poeta que é palavra jogada ao vento

Escrevendo direto num site de pouco acesso...

Onde ninguém vera meu sofrimento

Que o piano de minha alma ainda toca

Mas a qualquer momento parara tocar

Quem sabe o destino me consumira

André Alcoolizado Zanarella 14-02-2014 (agora 15-02-2014 01h41min)

Escrito direto no site

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 15/02/2014
Código do texto: T4691817
Classificação de conteúdo: seguro