ERA UM INFANTE

Era um belo Infante

e muito falante,

usava um turbante

(cabelo abundante)

Que amava Cervantes,

Lorca, Colasanti...

também mui galante

e vivia o instante.

Tinha olhos brilhantes

moreno e grimpante,

brincava bastante

de pião no barbante.

Nasceu na minguante

mas ficou gigante,

cresceu, foi adiante

no jeito rompante.

Dançou exultante

co' uma debutante

no salão diamante,

uma valsa andante.

teve lá u'amante

de olhar penetrante

u'a bela estudante

cursando o Amarante.

Poeta vibrante

e recalcitrante,

de versos brilhantes,

direi; cintilantes.

Declamando versos:

"....Sou revel bastante

contra os meliantes

que são negociantes

do Brasil gigante.

Levantai infantes

do berço tronante,

tomai o cetro antes,

que a aventura cante!"

Venceu com desplante,

foi bom estudante

na escola de Abrantes

tornou-se aspirante...

...o tempo é mandante,

veloz, galopante,

no dorso tronante

dum belo possante!

E beligerante

o mundo, num instante,

o fez comandante

na guerra aviltante!

...e os passo valsantes

com a debutante?

e o beijo ofegante

da bela estudante?

E o pião no barbante?

E os versos brilhantes?

e aquele turbante?

(cabelo abundante!)

Agora é flagrante.

São lacrimejantes

seus olhos brilhantes

e tenso o semblante!

Viu coisas de Dante...

inimigos que antes,

também foram infantes

morrerem adiante!

E num infausto instante

a Milícia errante,

pega, retumbante,

na tocaia, antes.

E o revel Infante

que era comandante,

tomba agonizante

num país distante!!

Autor JAL..(poesia esquecida no Alfarrábio) 2008

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 14/02/2014
Reeditado em 25/07/2016
Código do texto: T4691147
Classificação de conteúdo: seguro