O trem

Tudo passa tão rápido diante de meus olhos...

Não posso mais cessar esse trem que me leva.

Os solavancos me fazem adormecer.

Isso é bom.

Não quero saber pra onde vou.

Sei que esse trem não pára.

E não posso interromper essa viagem.

Que destino me aguarda,

quando ele dobrar aquela curva da montanha?

O trem me leva...

Balanço pra lá e pra cá

Ouço o murmúrio da vida que passa lá fora

e vou deixando tudo par trás.

Meu corpo sacoleja,

Minha vida balança.

E lá se vão chocalhando, todos os meus sonhos.

Ora desce um morro,

ora encontra um caminho íngreme.

Depois me conduz pela escuridão de um túnel.

Não consigo ver nada.

Será que verei uma saída no final dele,

quando surgir a luz?

O trem apita

Nesse apito estão os gritos de dor presos no peito.

Ele me leva.

Não posso mais voltar.

Ora a esperança vem,

ora desaparece com a estrada.

Tudo fica par trás.

O trem me leva.

Deixo tudo para trás.

Não conheço nada do lugar para onde vou.

O final da linha é surpresa para mim.

Mas... eu não posso parar esse trem.

Déa Miranda
Enviado por Déa Miranda em 13/02/2014
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