NA CASA DO MEU PASSADO

Entrei.

Recebido o aval

Dos batentes,

Abriu-se o portal.

Aceitei.

Com as cores do convite

Das portas insistentes,

Sem emitir palpite.

Olhei.

Luzes de lampiões

Clareavam, reluzentes

Os imensos paredões.

Encontrei.

Silenciosas companhias,

Sombras emergentes

No piso de pedras frias.

Inalei.

Na casa de alto pé-direito,

Simples e cordialmente,

O perfume de café recém-feito.

Aspirei.

Aromas de exóticos incensos,

De tabacos e cravos ardentes

Em narguiles e corredores extensos.

Sosseguei.

A fumaça esvaiu-se no espaço

Em claros de verdades urgentes,

Surgiu nosso tempo no terraço.

Arranchei.

Na casa do meu passado,

Tão minha e tão presente

O meu olhar atordoado.

Abracei.

Um a um os anfitriões

Com meus braços tão contentes

Neste encontro de corações.

13.02.2014

08:19

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 13/02/2014
Reeditado em 13/02/2014
Código do texto: T4689205
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