O Menino Poeta
Sou poeta bem nascido
Menino pouco vivido
Intendendo de meias palavras.
De tanto pensar só tenho pensamento.
Tudo que sou e o que tenho já me basta.
Mas quem me dera poder voar, para voar com o vento.
Sou poeta bem nascido
Menino pouco vivido
Que do amor só conheço o não
Pra desgraça de eu e o coração.
De tanto me apaixonar
Conheço e posso falar de outro olhar.
De tanto me apaixonar
Não sei como devo amar.
Sou poeta bem nascido
Menino pouco vivido
Não intendo nada da vida
Apenas sei que tem quatro letras e duas silabas.
Não sei se quero entendê-la um dia,
Mas se entendê-la... Quero por condenamento, tempo;
Para descrevê-la em outro momento.
Sou poeta bem nascido
Menino pouco vivido
Fruta no pé ainda em figa,
Madura por dentro esperando a queda;
Que de tanto madura já esta caduca.
Sou mal educado comigo mesmo
Pois da preguiça quero sempre um bocejo.
Sou poeta bem nascido
Menino pouco vivido
Tenho a morte por melhor companhia,
Acompanhando-me ha qualquer lugar ou momento.
Esta comigo nas visões mais tristes.
Quero que ela nunca me deixe
Pois me deixando,
Não me encontro mais vivo.