JANEIRO POR FEVEREIRO NÃO PASSA

pus tua cabeça para curtir em salmoura,

mas teu coração dei à criação.

não havia mais sentido em me fartar no teu pasto,

assim sendo fiz dos teus ossos ração.

colei teus olhos com imã na porta da geladeira

e tua língua seduziu um abutre para que a levasse

ficaram os dentes atados ao crânio em salmoura

arrancá-los ou não, confesso, foi um impasse

eis que me restou apenas tua lembrança

como uma página arrancada, dobrada, surrada, de revista

de medicina, de ficção, de fofocas, de mundo-cão

estampando na capa tua cabeça sinistra.