A Dor do Parto
Na sala escura a voz do igual,
Era a lei natural.
Intermitente a dor
Apossava-se do útero,
Como uma explosão de tormentos.
Sem qualquer ressentimento,
Fazendo a mulher desassossegar...
Ora assentava,
Ora reclamava,
Ora levantava...
Inconscientemente perdia o sentido...
Suava,
Sangrava,
Doía...
Gemendo, gemendo, gritava.
Não ordenava as ideias,
De uma em uma hora a dor aumentava...
Aumentava,
Que ali já não merçava.
Entregue ao tempo,
O relógio não andava e as previsões eram todas esgotadas.
Mais do que qualquer, qualquer,
A dor era na terra,
Saiu das cavernas, andou pelas matas e invadiu a cidade.
Por toda a necessidade as lágrimas vinham confortar.
Oh Deus aqui!...
Oh Deus ali!...
Por segundos a dor foi se acomodando,
Foi se acomodando e lá no fim,
O começo explodia num grito retumbante de vida,
Que a tomava de uma inexplicável felicidade e comoção.
Via-se no rosto a luz e as lágrimas que a alegria,
Envolta em uma emoção,
Dizia com todas as letras:
- Mãe eis ai o teu filho!
- Filho eis ai a tua mãe!
No colo o rebento procurando com a boca os seios,
Fazia difundir nos olhos da mulher aquela arte do inexplicável;
Do humano e do sobrenatural.