DO QUE MORRE O POETA

Ao poeta não lhe importa
beber sozinho!
Porque em tudo o poeta
está acompanhado da própria dor.
Escrever um poema para a amada
é como beber: amortece a tristeza,
acalma a dor
e sugere um resquício de vida.
Da vida que ele não quer viver.
Da vida utópica.
Do amor utópico.
Do amor arquétipo.
De todas as carícias perdidas
e irrecuperáveis.
Para o poeta não há "PA" -
Poetas Anônimos.
Nem há programas de recuperação.
Ao poeta lhe prefere
poetar sozinho,
que o caminho,
dele,
não tem volta.
Amantes vivem de amor.
Poetas morrem de amor,
ou cirrose.
Antigamente, tuberculose.
Hoje, poetas, morremos
com menos dignidade.

 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 10/02/2014
Reeditado em 31/07/2014
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