VARRENDO LEMBRANÇAS.
Por Carlos Sena



Hoje, quando a noite se embala em sexta
Rebenta no peito vontade louca de me varrer. 
Varrer lembranças tristes que me insistem ficar
Varrer do céu estrelas e me encobrir do luar.
Do luar não quero me varrer
Nem das estrelas. 
Delas eu quero brilho,
Do luar, asilo para a loucura que me sobrar...
Varrido, doido, quero-me leve como a sexta
Grata ou a quarta-feira ingrata...
Hoje, sexta, os aposentos silenciam
Para que meus demônios se percam de mim...
Lá fora minhas noites não são crianças,
Nem meus dias são indultos de santidade.
A cidade se perde de mim, sem êxtase.
Enquanto me deixo levar pelo
Cheiro de terra molhada e das escaldadas 
Esperanças escondidas na madrugada.
Demônios soltos, frangas amarradas,
Madrugadas, cadê teus galos noturnais?
Certamente estarão, ora direis, 
Escondidos nas sextas, esperando carnavais...