A mão que esmaga
A mão que esmaga é a mesma
que se permite erguer-se, imponente,
para jurar em nome de velhos e
implacáveis deuses.
Era um janeiro que, por entre as ruínas
de um ano ruim,
caminhava solitário em busca
de um dezembro quente e angustiante.
Eram excitações tateantes
de uma mão sobre a máscara de ferro
implorando para ler em braile
a frase abissal:
“Não há liberdade que não seja radical”.
A mão que instiga é a mesma
que tira da zona de conforto
o poeta meio morto
na sua elegância decadente
e lhe crava os dentes
na face e na elegância
e vem nos afagar
com palavras disfarçadas
enquanto os cães passam
e a caravana ladra.
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