A mão que esmaga

A mão que esmaga é a mesma

que se permite erguer-se, imponente,

para jurar em nome de velhos e

implacáveis deuses.

Era um janeiro que, por entre as ruínas

de um ano ruim,

caminhava solitário em busca

de um dezembro quente e angustiante.

Eram excitações tateantes

de uma mão sobre a máscara de ferro

implorando para ler em braile

a frase abissal:

“Não há liberdade que não seja radical”.

A mão que instiga é a mesma

que tira da zona de conforto

o poeta meio morto

na sua elegância decadente

e lhe crava os dentes

na face e na elegância

e vem nos afagar

com palavras disfarçadas

enquanto os cães passam

e a caravana ladra.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 10/02/2014
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