Do Esboço
Mostra-me o Seu abraço, porque já estou de regresso!...
e se, por ele, eu peço...se essa súplica Lhe faço
é que perdi o bom compasso...não sei mais o que meço...
só sei (isso confesso) : minha medida é o cansaço.
Já conheci tudo isso...a profundidade do poço...
já fui velho...já fui moço...definitivo e postiço...
soberano...submisso...já fui a carne e o osso...
e, hoje, sou só esboço do quadro do meu compromisso.
Pinta-me o recomeço nos traços da Sua presença!...
Dai-me a tinta da crença...o tom da fé (que desconheço)
para pintar o avesso; os borrões da indiferença!...
Ser um pincel que pensa; e que não põe, no gesto, um gesso...
que faz da cor, o seu preço...da pintura, a recompensa...
essa pintura imensa para a qual me ofereço.
09-02-2014