TORMENTA (nossos dias)
Quando vem a chuva
Molha o corpo
Estremecido de saudade
Que nem sempre se altera
Com seus gostos redundantes.
Esses pés descalços
Pisam a terra encharcada
E as gotas cristalinas
Em cima da grama.
Não se define a paisagem
Meio concreta, meio simétrica.
O vapor é tão cinza
E a poeira é tão úmida.
Quando os sonhos se curvam por nada
Todas as casas tombam ao redor,
O nada é solene
E a cor se esfumaça
Por não ter uma forma
Que inspire o tempo
Que vem em tormenta
Sacudindo as águas
Com o mesmo vento
De todos os dias...
Mais pobres que tudo,
Mais fortes que a dor.