Sem Título 3

fecho os olhos

abro-me nos teus como uma balada impune no seu sangue

oscilante

entretido percorro-te, estremeço-me nas veias singulares

depois com a ponta da língua

afável caligrafia reponho as cordas giratórias

e andas no meu imenso chão

um chão embalado p'los nossos sorrisos de cetim

só teu, só meu a transformar-se

porém nunca a concluir ou terminar salvo esse romance

nada súbito a apertarem violetas durante

jactos perfumados

decerto uma bondade eterna

eis donde chegam os meus afectos

e nas artérias de seda cristal

crias novas meigas cores novos ligeiros ares

novos amantes tons

novos endurecidos ruídos

novo auroreal amor para eu continuar a ver

a ver-te debruçada sobre mar transparente

com veludo de orvalho entre os poros

a ver-nos encalhados continuando a moldar

brancos banhos

como numa nossa gargalhada

a dormir no cume de videntes astros adentro

só dessa maneira

estaremos destinados a tais grandes coisas