Sem Título 2

Na palma de minha mão

cabem os esguichos daquele emaranhado mar

ofegante

esfiam-se cachos de búzios nas bordas

tacteando uma pandemia de linhos a puxarem-se

temperamentalmente

do bico pontiagudo das aves a moer

o céu pálido da boca

amedrontava num arrepio arenoso

embora fosse embarcar nas ocas águas

sem os antepassados existirem

decidi riscar

o fundo que não estava destinado

à visita de grandes visões

e apaguei os declinados olhos migrantes

até esgaçar o ódio que restava

no punho carregado de sal aberto

é notável defesa redescobrir o exílio lânguido

quando se move

uma traça míope antes da sua nascença fétida

donde vejo

redentor sorriso a caber-me