Sem Título 1

Livram-se de súbito

árvores dormidas

no barlavento

de mágoas íngremes

frente aos cotovelos

que te desprendem

ao sorriso

desses rios passageiros.

Mais à noitinha

a sua curva de ervas doiradas

desvairam-se longamente

cheias de cheiros graves e furtivos.

Ganham voo esquecido

mesmo que emparelhados

atrás do cesto de frutas a escorregar

contra a espiga do peito férreo

apodrecidas.

Ervas roucas urgentes

de um verde prata inimaginável.

Cheias de ervas

a sede.

Sede gémea

às luzes arrastadas

pela pele curável da tua sombra,

só tua até doer.

Húmida essa ferida noite

sem permanecer sobre nada

e soltas uma sílaba de paixão

falando-te puro

aos ricos pastos dentro

do raso silêncio.

Vai doer-me ver-te

porque sou assim

virado para ti

ó natureza comovente...

E quando pouso toda a alma

no que é teu e meu

ouvimos essa brisa melancólica

só nossa só nossa.

Escuto a aflição da dor anoitecida.

Alegre dor da noite navegada

em redor do lume da foice

perdemo-nos

nas ondas feitas de vento

a entrar e sair soletrado.

Ingenuamente as colinas limpas

sem orientação

e preconceito invisíveis

no amor de ti encostado contra

as faces

virado de costas.

Deves tudo isso

aos nossos lábios úteis.

Corremos novos na roupa

das estepes paradas

por cima do estremecimento da palavra

doutras searas então vigilantes.

Fossem ignorantes

nossas também.

Nunca poderão partir

os lamentos dessa pouca

exaltação.

Mas relembro-te

para fechares

extenso alguns cristais abandonados

das tuas veias galácticas

e a tremer como uma sonâmbula

alvorada nua.

Sais pela raiz da lua fora

porque a sua amável cara de criança

vem-te beber da terra flutuante

num encontro interdito

a essas belíssimas

mãos tão fielmente

compostas.