O TABULEIRO DA RAINHA

Pense

no que você disse

o tempo é o

que você existe

o que persiste

não tem pernas

derrubar o muro

não fará

descer da ponte

ontem o horizonte falou

e você riu

viu o frio

temperado do poder

quis anoitecer

em verões salgados

de mar

lacrimejados

sala de estar

entre livros

quais quer que leia

página sublinhada

de um aviso

que entendeu

por ter sido seu

muda encerrada

na estante

não sobreviveu

fim que antevê

tevê ligada

filme de sala

reservada

ao dispor da solidão

deixou seu coração

sobre uma pedra

de carvão

pra alguém acender

foi dormir

de um lado pra outro

fato isolado

é o que vive

não viu o que disse

permite

que o outro assiste

morrer de verdade

é prender a idade

que o outro

se quer tinha visto

ficou esquecido

num lugar

já falecido de ilusões

pulmões secretando

fumaça na estrada

causada

de sua insuficiência

perdeu o fôlego

na encruzilhada

apagando vestígios

no xeque-mate

das taças sempre cheias

que não de vinho

sereia do limbo

Oséias num findo

amarrado sem ceia.