AS PERNAS DO TEMPO

Nesta hora de espera,

O tempo é lento.

Vejo perderem-se os minutos

Nas longas pernas

Da boneca de pano.

Bem no fundo do espelho

Estão as marcas que invento

do passado, criadas ou vividas,

Depósitos de néctar dos frutos

Daquele brinquedo insano.

Daquilo que seria mel,

A boca recolhe cristais,

Da mistura de sal e fel

Apara o gosto do nunca mais.

As pernas do tempo são fatais,

perdem brinquedos, distorcem

imagens sem avisos e preparos.

Secam o néctar da teimosa abelha

amargam o doce, não admitem reparos.

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 07/02/2014
Código do texto: T4681335
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