Meu sol de domingo
A pele branca de porcelana em contraste com o voluntarioso cabelo vermelho denuncia logo de cara a personalidade dupla.
A mão distraída afasta constantemente a mecha insistente que cai nos olhos.
Voz alta, riso fácil
Contagiante!
Nada nela é morno, puro vulcão em constante erupção.
Mulher macho, forte e decidida, não precisa de ninguém!
Desatola carro na brita, troca bateria, deixa um rastro de graxa na pele.
Se vira para um lado e derruba algo, tropeça logo a frente, graciosamente desastrada, rindo do descompasso de movimento.
Menina meiga de vozinha dengosa, deita a cabeça em meu ombro e pergunta meio perdida: Leila,Cadê meu amor? Eu quero meu amor!
Ergo a mão para acariciar o cabelo macio e antes de completar meu gesto ela já se ergue agitada, riso debochado, jargão vulgar na boca, dizendo alguma piada sem nexo.
Toma um gole de cerveja, derruba algo sem perceber e estende a mão para enlaçar o violão ao lado...
Os olhos brilham!
Já em plena sincronia de movimento, perfeitamente graciosa dedilha o instrumento.
Os dedos acariciam as cordas e a voz bela e envolvente se propaga pelo ar em beleza sublime
Poesia em forma de música!
Ah!!!
Minha bela ruiva! Que vida tranquila, constante e irritante seria a minha sem você por perto! O sol em minha varanda, nas tardes de domingo, certamente brilharia com menos fulgor.