Meu sol de domingo

A pele branca de porcelana em contraste com o voluntarioso cabelo vermelho denuncia logo de cara a personalidade dupla.

A mão distraída afasta constantemente a mecha insistente que cai nos olhos.

Voz alta, riso fácil

Contagiante!

Nada nela é morno, puro vulcão em constante erupção.

Mulher macho, forte e decidida, não precisa de ninguém!

Desatola carro na brita, troca bateria, deixa um rastro de graxa na pele.

Se vira para um lado e derruba algo, tropeça logo a frente, graciosamente desastrada, rindo do descompasso de movimento.

Menina meiga de vozinha dengosa, deita a cabeça em meu ombro e pergunta meio perdida: Leila,Cadê meu amor? Eu quero meu amor!

Ergo a mão para acariciar o cabelo macio e antes de completar meu gesto ela já se ergue agitada, riso debochado, jargão vulgar na boca, dizendo alguma piada sem nexo.

Toma um gole de cerveja, derruba algo sem perceber e estende a mão para enlaçar o violão ao lado...

Os olhos brilham!

Já em plena sincronia de movimento, perfeitamente graciosa dedilha o instrumento.

Os dedos acariciam as cordas e a voz bela e envolvente se propaga pelo ar em beleza sublime

Poesia em forma de música!

Ah!!!

Minha bela ruiva! Que vida tranquila, constante e irritante seria a minha sem você por perto! O sol em minha varanda, nas tardes de domingo, certamente brilharia com menos fulgor.

Leila Patricia
Enviado por Leila Patricia em 06/02/2014
Reeditado em 15/05/2014
Código do texto: T4680093
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