Afeições Inorgânicas

Meu olfato capta o odor nauseabundo de mim,

Minhas vísceras estão velhas e gangrenadas,

Enquanto o sangue coagula em disparada,

Intenso rebuliço povoa o que era um jardim...

O cheiro nefasto intoxica até as palavras

Que prolato ou escrevo após esforço inaudito,

Minhas afeições estão mortas e fico contrito

A observar em minha imundície a faina das larvas.

Em desespero, penso em gritar, pedir socorro,

Porém a morte já consumou o fim do estorvo

E meus olhos são lambidos por esdrúxulas bactérias...

Sinto a invasão dos parasitos e vermes em festa,

Percebo a angústia dos corvos que, zangados, protestam

A propriedade do corpo carcomido pela inorgânica etérea!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 06/02/2014
Código do texto: T4679951
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