Segredos
Você não sabe,
e eu nunca vou te dizer:
das noites em claro que atravessei,
dos crimes que por você pratiquei.
Você não sabe,
e o pombo não irá te dizer:
que senti teu cheiro,
onde não havia nada,
nem flores, nem espinhos,
nem poesias, nem destinos,
nem sorrisos, nem lágrimas,
nenhum corpo, nenhuma alma.
Você não sabe,
e os os corvos não vão aí te dizer:
das centenas de vezes que me matou,
das tantas outras que ressuscitei,
e do trato que com a morte pactuei,
no inferno do qual me livrei.
Você não sabe,
e nem em sonhos vão te dizer:
que por compaixão do teu anjo da guarda,
eu me salvei.