BORBOLETA DE PEDRA
Sentia-se livre no ar,
Com doce perfume a soprar,
Com as mais belas flores
E todos os seus amores.
Mas, as coisas mudaram.
Logo seu encanto ficou raro.
As flores do campo murcharam.
E o vento que soprava ficou caro.
O que antes era magnitude,
Agora virou concreto.
O delicado ficou rude.
O sinuoso ficou reto.
Do sólido se rompeu...
Do aroma exalou fumaça...
Só no jardim ela nasceu...
Sob o teto da ameaça...
Só queria uma janela,
Mas coloriu de estilhaços o chão.
Foi tudo o que restou dela,
Simples borboleta em um caixão.