SOLIDÕES
Eu vigio todas as solidões,
Vestido de antigos amores.
O prazer das inegáveis dores,
Dos meus escuros e úmidos porões.
Carrego no cantar almas perdidas.
São troféus minhas velhas cicatrizes.
Danço sobre o orgulho dos hipócritas infelizes,
Com suas contradições pervertidas.
Com a arte impregnada no olhar,
Eu faço-me espelhos de sonhos.
Um gemido aflito e medonho.
Uma saudade entre o cais e o mar.
A sina me leva ao destino: o sonhar
Mas, às vezes, teimoso, eu faço o caminho.
Ao criar, tolos amores e sofridos carinhos.
Minha eterna aventura em voar.